Nos últimos anos, o termo “doença do silicone” tem se tornado cada vez mais frequente nas redes sociais, fóruns de pacientes e consultórios médicos. Ele se refere a um conjunto de sintomas relatados por algumas mulheres portadoras de prótese mamária , que acreditam existir uma relação entre o implante e manifestações clínicas como fadiga, dor articular, queda de cabelo, alterações de memória e nevoeiro mental.
O que a medicina sabe até agora
Até o momento, não há comprovação científica de que o silicone, por si só, cause uma doença sistêmica. Diversos estudos foram conduzidos ao longo das últimas décadas para avaliar se os implantes de silicone poderiam desencadear doenças autoimunes ou inflamatórias, e nenhum deles conseguiu demonstrar uma relação causal direta.
O que se observa, no entanto, é que algumas pacientes realmente relatam um conjunto de sintomas persistentes — o que levou pesquisadores a investigar hipóteses alternativas, como:
- Resposta inflamatória inespecífica a partículas de silicone que podem, em alguns casos, migrar do implante.
- Predisposição imunológica individual, que poderia amplificar uma resposta inflamatória a substâncias externas.
- Efeito psicossomático ou multifatorial, onde o contexto emocional, cirúrgico e físico interagem.
Essas hipóteses seguem em estudo, e há um consenso crescente na literatura de que os sintomas relatados merecem acolhimento e investigação individualizada, mesmo quando não há evidência de uma “doença do silicone” propriamente dita.
Efeitos observados após o explante
Algumas pacientes relatam melhora significativa após a retirada dos implantes, o que tem sido descrito como “síndrome de melhora pós-explante”. Ainda assim, a ciência não consegue afirmar com precisão o motivo dessa melhora: pode haver uma combinação de fatores, como a redução de inflamação local, o efeito placebo positivo ou o alívio psicológico de um desconforto associado ao implante.
Por isso, a decisão pelo explante deve ser sempre individualizada, levando em consideração sintomas, exames, expectativas e a segurança cirúrgica. Em muitos casos, pode-se optar por técnicas que preservam a forma da mama, como a mastopexia de autodefinição, ou pelo enxerto de gordura para reposição de volume.
A importância da avaliação personalizada
Diante de sintomas inespecíficos e de um cenário científico ainda em evolução, o papel do cirurgião plástico é orientar com clareza, acolher as queixas e avaliar cada caso de maneira responsável.
Nem toda paciente com sintomas precisa retirar a prótese — assim como nem toda paciente que decide pelo explante o faz apenas por motivos estéticos. Cada decisão deve ser construída com base em diálogo, confiança e segurança.
@casal20daplastica